18.1.19

Ainda 46

Na casa da minha avó, ninguém sabe comer. Para rápida explicação, é um lote com 3 casas e lá mora, além dela, minha tia e o marido e meus dois tios e primas. Não me entendam mal, eu não sou ignorante e sei que comida não é algo ruim. Mas também foi lá que eu aprendi a comer macarrão com arroz branco (nunca houve outra opção de arroz), misturar várias carnes e bater o famoso "prato de peão".
Morei lá até os 10 anos mas continuei passando a tarde inteira (isso inclui o almoço) lá quase até os 18. Eu chegava umas 13:00 e, como eles tem mania de almoçar 12:00, já deixavam um prato (ao estilo montanha) pronto pra mim no microondas. Insistência deles, eu preferia mil vezes escolher o quanto e o que comeria. Enfim, eu comia muito e mal de segunda à sexta apenas para não ofendê-los.
Até porque meu negócio com comida nunca foi essas comidas "de adulto". Pra mim nem devia engordar, pois não é tão bom. O que eu mais gostava de fazer era assistir série com um saco de batata frita e um copo de refrigerante gelados. De resto, com ou sem transtorno, não faço questão. Como feito um pinto.
Resumo da ópera: eu não sabia o quanto esse tipo de almoço (misturando carboidratos - ainda por cima simples) engordava e que ia tudo pra barriga. E eu sei que parte do meu juízo alimentar está comprometido, mas não há muito acesso à informação nutricional, ninguém se importa em divulgar ou promover isso no dia-a-dia. Por que minha mãe nunca me disse pra experimentar açúcares diferentes do comum, já que faz bem? Por que, nos aniversários e festas da vida, não presenteiam uns aos outros com chocolates meio amargos, pelo menos de vez em quando?
Por que não investem em alimentação saudável e consciente, mas gostosa e de qualidade? Para eles (não estou falando só da minha família), existem dois pólos: passar fome e/ou vontade, comendo gororobas (dieta) ou se entupir de industrializados, gorduras ruins e calorias vazias. Assim, realmente, é difícil.
Dormi na miha avó ontem. Sabendo dessa questão, levei marmita: arroz integral, frango desfiado, adoçante, um pão integral recheado de Cottage e Bananinha (o doce lá sem açúcar). Como. Me encheram. O saco. Além de oferecerem: pudim, danoninho, picolé, sorvete, bolo, esfiha, refrigerante (não estou exagerando), não respeitam minhas escolhas. Convenhamos que, com o que levei, não passei fome. Mas não há respeito. Minha tia, que semana passada me elogiou por estar esbelta, começou a falar que sou nova demais pra essa alimentação e que devia, na verdade, fazer academia. Eu quero, tia. Não tenho com o que pagar.
Mas ela insistiu dizendo que modelaria meu corpo, eu teria bunda, peito, coxas e ainda assim seria sequinha. Que ficaria flácida e continuaria barriguda (compartilhei minhas frustrações com ela) se apenas mudasse a alimentação e perdesse peso rápido. Isso me enlouquece, porque não tenho mais o que fazer. Nunca vou ter o direito de ser atraente e me sentir bem comigo mesma? Nunca?
Minha avó disse que estou horrorosa. Mas não oferecem soluções decentes, e sim bombas calóricas e sugestões inviáveis. Família só deixa a gente triste. Não consegui dormir nada e voltei pra casa muito estressada.
Desculpem por cuspir tudo isso aqui. Como sempre, obrigada pela preocupação de todas. Estou me esforçando para estar o melhor possível.

1 comment:

Nani Fonseca said...

Na minha família todos são gordinhos, ou magros em dieta vitalícia.Quando alguém come pouco, é quase aplaudido! Hehehehe.
Meu esposo e meu pai são desses casos de sucesso, magros em dieta vitalícia. Meu esposo faz dieta para colesterol alto e ferritina alta. Meu pai para colesterol alto e diabetes.

Já na família do meu esposo, minha sogra de desdobra, chega a ficar cansada, tenta agradar a todos, faz um prato para cada gosto. Então é muita, muita comida.
Quando os conheci, para ser educada, comia um pouquinho de cada coisa. Mas, depois, que passei a conviver mais com a família percebi que todos tem suas preferências e só comem o que gostam.
Não conseguem fazer as refeições juntos, não se importam. E quando conseguem (ex: ceia de natal), é cansativo, pois precisam ficar se justificando o tempo todo: Mãe, não como isso, tem quilo? Ah, mãe, porque você pôs azeitona, com azeitona não como. E os pais falam o tempo todo: não gosta disso, não gosta daquilo?
Não entendia a diferença entre as famílias. Porque na minha a gente gosta de comer juntos, e na outra não.
Aí um dia, lendo um livro sobre alimentação, pude entender. Quando compartilhamos alimentos, somos incluídos no grupo. Lembra de muitas reportagens de viagens (globo reporter), o reporter sempre compartilha a comida e faz cara boa, elogia. è para ser aceito no grupo.
O que vai nos fazer mais feliz? Comer sozinha? Ou comer um pouco, da mesma comida da família, e conversar com a turma, estar em paz com a turma, rir, elogiar o cozinheiro? A Ana Maria Braga sempre come um "pedacinho" e consegue manter a forma. As apresentadoras do É de Casa também, comem só um pouquinho, elogiam o cozinheiro e pronto.
E se sobrar comida, que desperdício! Não, aprendi nos vigilantes do peso que a gente pode "congelar" as sobras, assim, nada de desperdício.
Pensa, aí a gente come um pouco de pizza, fica feliz, e depois tem várias fatias congeladas para servir em outros dias.
Não tenha medo da comida hipercalórica e não saudável. É só comer pouco. Sirva um pouco e já guarde o restante, para não ficar tentada a comer mais.
Desejo a você que fique em paz com a sua família. Pense que eles tem uma cultura diferente da sua, mas que compartilhando a culinária com eles, serão do mesmo grupo. Que tal você levar uma forma com arroz integral, com frango desfiado, verdurinhas (tipo um arroz de forno), bem saudável e compartilhar com eles?! E um bolo de banana com aveia, nem precisa por açúcar, aí você compartilha com a turma. Vão amar!
Estou gostando do seu blog, você traz várias dificuldade que a gente tem no dia a dia, pois temos um objetivo em comum, nutrir o nosso corpo de forma saudável, estar em paz com a comida, e ser mais feliz com o nosso corpo, aceitá-lo, cuidá-lo. E ser mais feliz!